Montag, 3. Juni 2013

Também se arranja tempo para comer

Está na altura de reactivar isto, man! E sem escrever para o filho, porque senao, como posso ser brejeira? Nao dá....
A verdade é que sempre ouvi dizer que o dia tem 24 horas e o tempo, somos nós que o gerimos. Entre o trabalho, a casa e o filho, a verdade é que sobra pouco tempo. Mas cabe a mim utilizá-lo da melhor forma.
Minhoca is baaaaaack!!!

Montag, 25. März 2013

Meu querido Govi,

Daqui a pouco, ja terá passado um ano que deixei de te escrever aqui. Até que li qualquer coisa recentemente sobre a importância de fazermos de vez em quando, as coisas de que realmente gostamos. E se é verdade que passar o meu tempo contigo é certamente a coisa que mais gosto de fazer, (mesmo quando me disparas o teu vómito para cima várias vezes ao dia, como recentemente aconteceu) a verdade é que escrever sobre e para ti, é um prazer maior ainda.
A verdade é que este primeiro ano contigo foi um verdadeiro encanto, comparando agora com o segundo ano, que começou há um par de meses. Até cumprires o primeiro aniversário, o cansaço e as noites mal dormidas já moíam, mas não havia maleita que perturbasse a feliz bolha de sabão na qual vivíamos e vá lá, ainda vivemos . Eras um bebé sempre saudável. Com a entrada na creche, vieram as doenças, a exposição a todas as bactérias com as quais até então, não tinhas contacto. Este segundo Inverno está a ser duro. Ainda neva. As constipações já foram mais de muitas, bronquiolites, pneumonia... tudo coisas que põem à prova o meu já tão combalido coração de Mãe! E fora só o coração... também eu não saio deste loop de contipações. E já somamos tantas visitas ao pediatra que quase que já posso começar a deixar lá ficar um brinquedo, um livro, uma escova de dentes...? Quem me manda a mim fazer deste país gélido a tua casa?

Donnerstag, 28. Juni 2012

Meu querido Govi,

Nao há nada melhor neste mundo que passar as tardes de Verao contigo a namorar. Deito-meu ao teu lado, na minha cama, onde tenho a certeza que abrigado pelos dois metros de comprimento e outros dois de largura, qualquer queda está prevenida. E como és uma bolinha de pouco mais de dez quilos, aos seis meses, também nao tens a destreza de um ginasta, rebolando vezes sem parar. Ainda bem para nós! Dou-te qualquer coisa para mexeres e fico a ver-te a analisar o novo objecto, aproveitando para cheirar as tuas maos e o teu pescoco, pensando para os meus botoes que cheiro é este dos bebés, que toda a gente diz ser maravilhoso mas ninguém sabe explicar. Só conhece quem tem um. Eu descreveria o cheiro como doce, a bolacha-maria. Depois viras-te para um dos lados e enterras o narizinho na almofada, bendita hora em que te demos uma almofada, também eu tinha uma que ainda dorme comigo e quando é preciso, ainda me seca as lágrimas. Desde há 32 anos! Entretanto, oico-te chuchar na chupeta e esse som ritmado quase me adormece também. E ali ficamos os dois, tu contente por me teres ao teu lado e eu a fazer-te festinhas pelo teu corpo ainda tao pequenino, enquanto peco a Deus que nos deixe continuar nesta bolha de sabao que é a nossa vida a tres, onde nada nos causa qualquer tipo de sofrimento.
E assim se vao passando os dias de Verao...

Freitag, 15. Juni 2012

Meu querido Govi,

Agora, com quase 6 meses, já dá para interagirmos muito mais contigo. É uma fase mais engracada, pois apesar de ainda nos dares alguns dias bastante cansativos, pelo menos, já sabemos do que gostas, do que te faz rir, daquilo a que nao achas assim tanta graca. Agora estamos na fase das etiquetas! Tudo o que te damos para a mao, se tiver etiqueta, é o que te chama a atencao. Fico deliciada a ver-te percorrer os dedos pela etiqueta, a faze-la passar por entre os dedos todos, do mindinho ao polegar. Imagino-me contigo em frente à máquina de lavar, tu sentado no monte da roupa, a gritares histérico 'Nao, Mae, esses lencóis nao sao para lavar a 60graus, está aqui na etiqueta...' Daqui a uns anos, quem sabe... Continuas a nao gostar de estar sozinho. Tal Pai, tal filho... Ris-te das parvoíces, aliás, quanto mais parva a brincadeira mais tu te ris. Tal Mae, tal filho... Gostas de papa, da sopa, gostavas mais antes de eu lhe meter frango.
Mas vais comendo. Tu e eu, pois eu nao tenho tempo para cozinhar para os dois coisas diferentes. Tu vais comendo e o nosso desejo de nos escondermos debaixo de um impermeável cresce a cada dia que passa. A única palavra que me ocorre: javardice. Nao há babete que nos valha. Chove sopa em todas as direccoes, a espreguicadeira está cheia de manchas, os móveis também já tiveram melhores dias e quando, depois de uma colherada, ainda de bochechas cheias, levas as maos à boca, aí é que ja nao ha nada a fazer. É cabelo, olhos, pescoco, lá está: javardice. Para ti e para mim.

Samstag, 2. Juni 2012

Meu querido Govi,

Vais ter de me perdoar, mas este blog vai ter de passar a ter mais qualquer coisa do que este cheirinho a cocó e a papa. Deixa-me, por favor, falar de outras coisas que me apoquentam, igualmente importantes, tais como a quantidade de pessoas FEIAS que vi ontem. Que pena que nasceste numa cidade, onde volta e meia se ve malta que parece saída do vídeo do Thriller do Michael Jackson. Quem é o Michael Jackson? Pois, esse senhor do nariz de plástico, cujas fotos revestiam a madeira do beliche da minha cama aos meu 13 anos. Mas histórias destas ficam para outros dias. Até porque gritas outra vez histericamente como uma menina do sítio onde te plantei mais uma vez. No time to write...grrr....

Freitag, 25. Mai 2012

Meu querido Govi,

Os dias contigo continuam a ser amor ao quadrado. Nao há nada que me encha mais de alegria do que ver-te crescer feliz, receber os teus grandes sorrisos todos os dias é realmente uma alegria que nunca antes imaginei ser possível. Também nunca imaginei ser possível deixar de ter tempo para escrever. Mas a vida contigo, deixou de me dar tempo para tanta coisa. Nem de mim sei tratar. Passo dias a pensar que tenho de cortar as unhas dos pés, fazer as sobrancelhas, escrever no teu álbum de bebé, por as roupas que ja nao te servem todas juntas, etc etc. A minha cabeca nunca pára, ando sempre com listas mentais de coisas para fazer, sempre a antecipar tudo para poder gerir 100 tarefas ao mesmo tempo. Sou mais uma raínha multi-tasking!
Mudámos de casa. Saímos do apartamento onde nasceste porque se tornou pequeno. Além disso, tanto eu como o teu Pai achámos que seria melhor para ti crescer numa casa com jardim. Para te poderes rebolare na relva e encher-te de terra da cabeca aos pés. Uma mudanca de casa, contigo tao pequeno, foi uma aventura. Várias semanas a empacotar tralha, a usar todos os minutos em que dormias. Veio-me agora rapidamente à cabeca ja nao como há sete dias, nao durmo há mais de um mes, desde que te conheci a minha vida é como ves, passo os dias a pensar nem sei o que fazer, eu nem quero acreditar no que me foi acontecer... para complicar um pouco mais, tu que já dormias tao bem, das oito da noite até à madrugada do dia seguinte, voltaste a acordar de duas em duas horas. Teem sido umas noites do cao. As minhas olheiras já devem chegar aos calcanhares... nem eu própria acredito que com muitas vezes, apenas tres horas de sono, consigo tratar de ti, brincar contigo e fazer tudo o resto sem que me anda a arrastar pelas escadas.
Entretanto já comes sopa, papa, fruta e tudo do que me for lembrando. Gostava muito que mamasses exclusivamente até aos seis meses, mas com o corpanzil com que estás, rapidamente me apercebi que andavas com fome, sempre a seguir com os olhos, a comida que vias circular na mesa. Só tens 5 meses, mas ja tens corpo de 8. Pesas quase 9 kilos e já vestes tamanho 74 (para 9 meses). Daqui a um mes vamos pela primeira vez a Portugal contigo já fora da minha barriga, e vai ser cerelac e bolacha-maria até mais nao!
Tenho saudades de LER!

Sonntag, 22. April 2012

Meu querido Govi,

Na semana passada faleceu o teu Bisavô Adam. Tinha 88 anos e estiveste com ele duas cerca de 3 vezes. Como muitos bebés, nao achas muita piada a velhinhos, dá-te para gritares quando algum fala contigo, o que me deixa um pouco envergonhada, mas que havemos de fazer... daqui a uns meses, às tantas, gritas quando vires pessoas gordas...de qualquer forma, ele não ficou triste quando ao te agarrar na mao pela primeira vez, tu desataste num pranto. Aliás, com 88 anos, já não havia praticamente nada que o chateasse, uma pessoa com a idade decide que quem tem de se adaptar são os mais novos e está bem assim. Eu achava imensa piada ao facto de ele falar com toda gente, mesmo os meus que não falam alemão, mas isso nunca foi razao para ele se comedir mais no seu discurso. E então, apanhava alguém a jeito que ainda não tinha ouvido as suas histórias de Paris e da Noruega e pronto, eu já sabia que vinham os álbuns de fotografias e as histórias que eu, o teu pai e tios, já tínhamos ouvido vezes sem fim. Mas eu não me importava. Uma hora do meu tempo, que fosse, não era nada quando eu via o brilho nos olhos dele ao recordar os seus melhores momentos. Por isso, quando toda a gente me olhava de lado por lhe estar uma vez mais a dar corda, eu não me importava. Vamos-nos mais uma vez às fotos do submarino da Noruega, claro, onde ele esteve durante a Segunda Guerra Mundial. Vamos conversar sobre Paris nos anos 40 e nas senhoras que já usavam roupa interior de algodao. E sim, Avô, claro que Faro fica no Norte de Portugal, deixa-os falar, eles não sabem. E num egoísmo também meu, ficava a ouvi-lo, contente por lhe estar a dar essa pequena alegria, ao mesmo tempo que me alimentava a mim de tempo-de-avô em idade adulta, pois os meus dois avos partiram ambos cedo demais. Já reparaste na sorte que tens em aos 35 anos ainda teres um Avô, e ainda por cima um Avô com quem podes conversar e rir, e mais do que tudo, beber uns copos? - perguntava eu ao teu pai. Agora que ele se foi, vão ser muitas as saudades. Este Avô dele que eu adoptei como meu, via no teu Pai muito dele mesmo, e qualquer pessoa notava que ele era o preferido. Sempre que nos despedíamos dele, ultimamente, eu ficava a olhar para ele a entrar em casa devagarinho e a acenar, e via-o desaparecer no fim da rua, à medida que o nosso carro se ia afastando, tentando gravar bem o último momento, pois com 88 anos, sabia que podia ser esta a última vez.
Pude novamente constatar que quando morremos, só fica a nossa carcaça. Um corpo sem alma, um rosto sem expressao, é apenas um fardo que ali está, não há vestígios da pessoa que habitou nele. Ficam-me as doces memórias dele sentado na mesa da cozinha, com o montinho dos jornais, com os óculos da ponta do nariz, a ler , enquanto esperava que nós descessemos para o pequeno-almoco. Com o colete de lã cinzento e os suspensórios com espigas de milho.